domingo, abril 03, 2005

Monólogo Apaixonado nº8

Sinto-me cada vez mais preso. Violentamente atiras-me para a jaula onde habito agora. Nada disto faz sentido. Porque me aprisionas tu afinal? Sem resposta tua aqui me deito. As barras frias do chão cortam-me as costas, enquanto as do tecto me cortam o sol adormecido por entre as nuvens. Saiste já algum tempo e ainda não te ouço chegar. Faço uso do meu tempo contando todos os olhares que me ofereceste. Conto-os pelas lágrimas que derramo agora. No total silêncio da minha passividade entras de rompante por uma porta para saires por outra contigua.Como uma estrela cadente não tive tempo de te focar, apenas um rasto de ti paira nos meus olhos deixando-me ainda mais inquieto. A jaula começa lentamente a corroer-me e deambulo pela sua froteira passando os dedos no metal preto. A turbulência do meu dedo passa-me ao espírito e desejo fugir. Agarro me as barras da minha prisão e sacudo-as como se te questionasse. "Porque me mantêns aqui?!?!?", mas apenas o eco do meu grito irado me responde e prontamente tudo volta ao silêncio. Então tu voltas, quando já não te contava apareces pela porta do fundo circundas-me e diriges-te ao fundo do corredor. Vejo-te a afastar e corro para te alcançar. Homens de negro agarram-me e não me deixam progredir. Eu grito, chamo-te mas tu nem voltas a face para me ver. Segues sempre e eu vejo-te diminuindo, quando finalmente desapareces eu caio desmaiado e só acordarei com o teu beijo.

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