sábado, outubro 22, 2005

Diálogo Apaixonado nº8

Sento-me contigo no escuro, partilhamos um velho banco desgastado por horas de conversa e partilhamos a conversa também. Sorrio e falo, amuo e reclamo, rio e converso. As horas desfilam sem que eu as note. Aqui sem luz a horas desaparecem, tudo desaparece. Não vejo os teus lábios ou os teus olhos reflectindo o sol. Só há palavras, histórias, mundos meus e teus. A pouco e pouco e sem notar-mos trocamos os nossos mundos, no escuro sou transportado para a tua vida e vivo nela. Tu vais falando o guião e eu no escuro actuo para mim só. Se soubesses o que gosto de te ouvir! O medo de tu não o saberes abete-me vezes de mais. Tremo de pensar que tu julgues que quero só algo que não a s tuas palavras. Sem as palavras nada mais faz sentido. As palavras são o guião e sem ele eu não posso viver ctg. Se as palavras não me mostrarem onde está a tua boca como posso eu beijá-la? A melodia do teu ser tem que voar no escuro para que a possa dançar contigo. As palavras pararam, nós em silêncio no escuro eu procuro-te com os meus lábios e tu vais fugindo esguia. Tento agora falar-te noutro dialecto e percebo que tu me ouves mesmo com os ouvidos tapados. Eu continuo a falar esperando que tires as mãos dos ouvidos e me ouças. Tu resistes mas eu falo porque ainda que não queiras os meus lábios eles são teus. Por fim tu acedes e falas comigo na nova linguagem. Então de repente a luz vem pairar à nossa volta e eu sinto-te minha. Mas como a felicidade é efémera , a chama apaga-se e a escuridão volta sobre nós. Dizes-me então que está errado, que não deviamos falar daquela maneira. O meu coração aperta. Olho o negro e e lágrimas silenciosas brotam-me dos olhos. Choro de dúvida e não de tristeza, choro por desespero de não saber o que pensar. Eu não quero pensar que só queres a minha amizade, mas também não quero que penses que eu não quero a tua. Quero-te dizer mas as palavras não me saem da boca e acaba ela mesma por te procurar de novo. Tu acedes e a chama volta a crepitar iluminando expulsando o negro. Sorrio de novo e quando a chama de novo se apaga já estou de volta e tu já não estás aqui. Eu permaneço no escuro esperando-te. Não te demores, tenho frio.

1 Comentários:

Blogger styska disse...

identifiquei-me com as tuas palavras.. gostei :)
beijinho*

3:01 da manhã  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial