segunda-feira, julho 04, 2005

Diálogo Apaixonado nº2

Ao longe o mar ruge tremendamente. A lua já não se vê, apenas o manto negro que me cobre. Frio, um frio de morte que me enregela os olhos. Caminho com o mar durante alguns minutos, o tempo que levo a chegar ao banco vermelho. Lentamente aproximo-me do banco enquanto sinto a solenidade no ar, o lugar é sagrado, todo ele envolto em misticismo. Sento-me e sinto o ranger da madeira já velha, recomenda-me que não lhe pese demasiado para que possa descansar com a noite também. Não mais faço algum som, limito-me a contemplar o mar. Só lhe vejo o branco da espuma raivosa a espalhar-se na areia dourada. Sem saber muito bem como venho aqui parar à dias, consecutivamente, sempre a este banco velho que muito me diz. Entre mim e o mar surge o mastro de um navio que não existe. Na ponta já habitou a luz mas agora já reformado contempla o mar apenas. No mastro verde dois números alvos na noite escura. Eles trazem-te a mim. Agora sinto-te aqui sentada a meu lado aninhada no meu calor, eu protejo-te da noite fria. Sorrio já por te ter a meu lado mas uma tristeza inexplicavel consome-me o coração. Ignoro-a e continuo feliz.
Olho-te a meu lado e sorrio por te ver. No meu interior tento descrever-te. Cada sentido é acompanhado pelo seu momento perfeito, algo que torna o sentido sentido.Torna o som som, a visão visão. A perfeição definidora algo que por ser tão belo cria o nome que define as sensações. O vermelho fogo das nuvens num céu roxo de por do sol, o som do sibilar ao ouvido deitado sobre a relva, o toque da casca de um carvalho solitário numa praça movimentada, o doce quente de um chocolate que se deixa derreter na boca, o cheiro puro de uma mão amada. As definições de sentido, tu, és a definição do sentido do coração. Daquele que é uma mescla de todos eles e ao mesmo tempo desprovido de todos eles, independente da beleza, do sabor, do cheiro, do tacto de uma pessoa. Tu és a definição desse sentido, toda tu beleza no conjunto dos sentindos e na ausência de todos eles. O meu sentido, a minha snsação única que me diz estar vivo. Podia não ver, não ouvir, não tocar, não saborear, não cheira mas se te sentisse eu viveria e vivo contigo.
Tu levantaste já cansada e eu agarro-te a mão. Caminhamos ao longo do mar já os dois. As pessoas olham-me perplexas. Não te veem a ti. Olham-me só a mim com o desprezo. Não to ofereceriam a ti nunca, só eu sou digno dele. Então mais uma vez a tristeza me impede de olhar o mar, o coração aperta-se me e baixo a cabeça ao chão. Um sobressalto corre-me de alto a baixo. Levo as mãos à cabeça enquanto esta furiosamente corre todo o chão em redor à procura da tua sombra, de outra sombra que não seja a minha. O desespero abate-se sobre mim e acabo de joelhos no chão como rezando a um deus que não vem. Agora tudo faz sentido, a tristeza, os olhares de desprezo, tudo. Retomo o meu caminho, mas a saudade aperta-me a alma e choro por não te ter aqui comigo. Fazes-me falta, muita falta..

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Comentários para quê!! Tá LINDOO! Para mim, este eh o mais bonito e mais sentido! ;)
Admiro mto a forma como escreves e a maneira como consegues exprimir! mas além disso admiro a pessoa k es e a forma como ves a vida! Es impecavel! ;)
bjxxx enormes!
Raquel

2:14 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Mostra-me o que és sem metáforas. Pára de rodopiar em torno dos sentimentos...experienta a grita-los. *

2:15 da tarde  
Blogger Ana Sofia disse...

Lindo!!! Deixa que o mar te acompanhe, não permitas que a saudade se instale, não sei do que estou a falar mas só temos esta vida para sermos felizes!

jokas
Anok@s

12:11 da tarde  
Blogger styska disse...

Absolutamente LINDO! Adorei este texto... tudo o que transmites e até o que senti ao lê-lo! Escreves, realmente, muito bem! Nem sei o que dizer... Continua a postar textos assim, eu virei cá sempre!
Jitux*

3:11 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial