quinta-feira, janeiro 05, 2006

Remoto


O negro. Envolve a noite com o gelo da impassividade.As mãos dele queixam-se pesadamente por se verem arredadas dp calor que lhe cobre o corpo.Ambas seguram o telémovel que o olha tristemente.Por baixo o caminho vai passando com um movimento já automático dos pés. Já conhecem o caminho de cor, o caminho que o leva a casa. No visor o nome dela grita-lhe nos olhos. Ele vai levando o telemóvel na noite, olhando aquele nome, hirto em frente ao peito qual sacerdote segurando o cálice.Mas ele odeia-o, detesta a sua essência , feito para unir as distancias . Feito para uni-lo com ela. E por isso o odeia, atribuindo-lhe a culpa que não é dele. Enquanto o telémovel faz a chamada, ele galga a distância que os separa num voo repentino. Conta cada quilómetro até chegar diante dela e imediatamente desliga a chamada e volta à subida que o puxa. O negro do alcatrão caminha a seu, fazendo correr a saudade no preto de dor. Uma lágrima quante aquece-lhe a face e ele com as mãos nos bolsos olha agora o chão. Ela sorri. O nome dele brilhara agora no seu coração sussurrando saudade.Há um mês que não se viam, estando o sufoco da ausência já apertado no máximo das suas gargantas. Mas saberem que não estavam sozinhos, que não era só de cada um o sentimento, trazia alguma alegria a brilhar na escuridão. Ela repousava já sobre a cama e fitava o tecto enquanto desenhava um coração a negro bem vincado. Riscou depois os seus nomes ainda com o coração negro de carvão desde que o último fogo de um encontro a tinha feito vermelha. A distância também tinha esse efeito. Ela sentia a primeira vez em cada encontro. Tudo era novo outra vez. O primeiro olhar, as primeiras carícias, o primeiro beijo. Tudo era quente como o fogo primeiro da paixão, mas a distância ampliava o sentimento que crescera para além da infantilidade. Era já madura a lágrima que corria pela face dele. Não queria chorar , queria ser forte por ela mas ela estava longe e o seu coração esticado para a alcançar doi com tremendo esforço. Ela deitada na cama envia-lhe um beijo sentido. Ele reconhecendo o calor dela a quilómetros sorri então. Olha pra cima e vê i coração que ela desenhou nas estrelas. Sem tirar o sorriso da face sulcada de lágrimas toca o desenho no céu com a ponta dos dedos e levando-os aos lábios beija-os. A noite negra de saudade envolve-o até que pousa a cabeça na almofada e fechando os olhos vai ter com ela. "Dorme bem" sibila enquanto se deita ao lado dela.

3 Comentários:

Blogger SA. disse...

Se vires por aí um homem num cavalo branco com o olhar perdido, procurando quem não consegue encontrar, com metade do teu coração, com um sexto do teu talento, uma migalha do teu apoio e um terço da tua capacidade de me tocares nos mais puros sentimentos, diz-lhe que estou à espera dele.

=,(

6:29 da tarde  
Blogger Liliana Bárcia disse...

fez-me lembrar uma historia que conheço.. a distancia tem os seus desencantos, mas são momentos como esses cravados em telefonemas q nos fazem suspirar por conhecermos historias destas. A saudade aperta sempre, com tanta força q até sufoca, e pelo q dizem, é aquele sentimento de q qdo se precisa e ñ há o q dói mais e faz verter mais lágrimas teimosas. Mas mesmo a dor ñ deixa de ser um sentimento digno, pois só quem a sente é q sabe o q é sentir.

Beijinhos***

11:10 da tarde  
Blogger Psyreg disse...

A distância pode acabar com muitos sentimentos...Gostu de ter as pessoas de qem gosto bem perto de mim..mas adorei o texto..ta mesmo muito bom..
***

12:42 da manhã  

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