quarta-feira, março 07, 2007

Terra

Dolores desenhava a sua vida, sempre a caneta. Sem precisar de corrigir nada, porque tudo o que fazia estava bem, e fazia tudo. Até chegar ao novo emprego. Tinha 23 anos se não me engano quando entrou para a Latinair e logo para cima de muita gente. Como sempre havia sucedido não teve medo e entrou a ganhar, como se o plano dela também resultasse aqui. Havia resultado no ballet, no violino, na escola e na faculdade. Empenho e dedicação e tinha tudo o que queria. Sempre nessa confiança começou sem perceber que tudo o que caminhava era em círculo, e sem saber foi percorrendo uma espiral que a afundava cada vez mais na solidão. Acho que todos os amigos se esqueceram dela porque sempre fora bem sucedida.
Pablo fazia na Latinair aquilo que a experiência lhe ensinara a fazer, nada de cursos bonitinhos, ou notas brilhantes, apenas o que a vida lhe martelara na cabeça. Mas era feliz assim, tinha as sextas-feiras de amigos, os domingos de família. Sem grandes ambições. Nunca soube bem como é que se chegaram a misturar estas vidas, mas encaixaram perfeitamente. Gosto de os ver como a terra onde o amor decidiu crescer não se sabe bem como. Terra de papoilas. Eles são assim, não se percebe nem se questiona, vê-se e admira-se. Um amor quente e gelado dependendo da posição do sol, mas que é sólido e confortável. Pablo ganhou ambição e é já gestor. Dolores foi puxada para longe do abismo por ele e chegou a directora geral. Ainda não têm filhos, nem perspectiva deles mas eu passo a vida a dizer: "Se for menina, tem que se chamar papoila!". Eles riem-se.

4 Comentários:

Blogger Gui disse...

A seguir vem a Terra...yaaa poiiss, ora bem, ferro, vidro, terra, tá-se mesmo a ver! Mas penso cá com os meus botões, com este rapaz já não nada me surpreende...e começo a ler. E chego ao fim e digo, Cum camandro! Afinal estava enganada, este rapaz afinal, Não pára d eme surpreender! Por isso se a seguir vier areia, ou cobre, ou ouro, ou prata ou qualquer material existente à face da Terra, já sei que vou ficar surpreendida, sei-o, porque quando vir o material não vou ver a ligação que poderá ter com amor, e depois leio e calo-me de espanto. Ou ponho-me para aqui a dizer coisas que não interessam a ninguém!

Sorry (Ó GRANDE) peskas, vou-me restringir a comentar as histórias sem dissertar sobre mais nada...

yeah right:P

2:24 da tarde  
Blogger Cláudia A. disse...

Sr. Pescador só tenho a dizer que está lindo adorei a historia deles, em meia duzia de linhas consegui imaginar o pablo, a dolores e ainda a doce papoila, imaginei a casa o emprego e ainda o carro. A tua "história" tem o essencial e é isso que te torna um ESCRITOR especial.
Continua assim que eu adorei mesmo ;)
Beijinhossss
Biana
(ou como tu proprio dizes DoubleAnne)

PS. Oh Gui não seja aldrabona...não sabias nada!! (olha que te empeno os joculos - private joke)

9:11 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

uma das razões porque fico com pena de n ter mto mais tempo, é de sentir a falta de vir aqui e ler-te.

fez-me lembras as vidas de pessoas diferentes, com vidas distintas q conseguem misturá-las.

e papoila é um nome engraçado.

10:44 da manhã  
Blogger styska disse...

será que adivinhas o que eu gosto mais nesta série?
(para além do óbvio!)

3:32 da tarde  

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