quarta-feira, abril 13, 2005

Obrigado

Nunca te conheci. Nunca ouvi a tua voz , mas o teu canto acompanha-me a vida. Guardo uma única imagem tua. Debruçado sobre a crança que dedilhas fazendo-a chorar e rir. Crias vidas, matas deuses, mostras-me o mundo com o simples mover dos teus dedos. Cada acorde teu entra-me no coração e fazendo de chave abre-me atirando tudo o que nele se retinha para o mundo. Passam-me lágrimas pelos olhos e em comoção a minha pele recebe-te de cabelos hirtos. Todas as músicas tão tuas que as reconheceria no chinfrim mais diabólico, no turbilhão de sons do caos. Tão tuas e ao mesmo tempo tão minhas. És tu que fazendo vibrar as cordas da tua guitarra me agitas a caneta fazendo-me expelir em letras tudo o que me entope a alma. Acompanhas-me nas alegrias e nas tristezas. Nunca as causas, mas estás lá sempre que preciso como aquele amigo que acompanha toda a vida sem nunca me magoar. Só uma vez, uma vez entristeceste-me. Viajava sobre campos de lezíria, morri com a notícia do teu desvanecimento. Nunca estiveste presente como tu. Nunca te vi mover senão os dedos. Mas saber qe não existias, que nunca mais poderia ser criado algo dde tão belo. Tudo se fez negro e chorei por não te poder ouvir naquele momento. Ouvia condolências e exéquias que não te mereciam. A raiva tomou-me pelo valor que davam à tua morte, valor nunca reconhecido em vida. Aplaudem-te já na no caixão, mostram-te os teus verdes anos. No fim uma profecia tua dita o futuro. Movimentos Perpétuos dos teus dedos nos ouvidos de quem vive através da tua guitarra.

Obrigado Carlos Paredes

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Vou ter de recordar outra vez...

É noite e faz frio (para mim faz sempre frio). Não estas a ver? Nós estamos ali mais a frente. Eu sentada no banco ao pé das conversas, tu no baloiço a falar com alguém cuja cara não consigo ver. Acho que não sei quem é, mas também não importa porque vocês estão a sorrir. O café já fechou há muito. A noite já vai a meio. Sem darmos por isso, as gentes vão partindo, devagar, e, aos poucos vamos sendo cada vez menos...vamos sendo cada vez mais íntimos. Tu já saíste do baloiço. Agora estás ao pé de nós. Estamos em silêncio até que tu te lembras...pões a mão no bolso e ofereces-nos a tua musica. Ninguém fala. Ficamos ali imóveis a ouvir sons que partilhas connosco. Ficamos ali juntos a pensar, juntos a viajar, juntos a sorrir. Ficamos ali...Por esses momentos todos, Obrigado.

10:17 da tarde  

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