domingo, novembro 07, 2004

Noite Livre

Caminho. È de noite e as ruas estão desertas. Devia sentir-me sozinho mas mais do que nunca sinto-me bem. Vislumbrando aquelas ruas que de dia são pisadas incessantemente, que de dia explodem com pregões desesperados, que de dia servem de encosto a sem abrigo mendigando por ajuda, sinto-me bem. Não tenho nem procuro explicação para isso mas sinto-o. A chuva junta-se a mim e passeamos juntos observando-nos mutuamente. Eu observo-a a limpar os desenhos que serpenteiam pela rua fora. Ela observa-me a fechar os olhos e a sorrir de felicidade por aquele momento. É meu. Ninguém verá aquele espectáculo banal aos olhos do mundo mas irrepetível para mim. Mas não há como caminhar no domínio que não nos pertence. Há qualquer coisa de mágico em andar no meio da rua sem que um carro nos importune, uma sensação de liberdade para quem é filho da cidade, para quem lhe é negado desde criança o caminho de asfalto. Liberdade não é a América, não é saltar de um avião, liberdade é poder andar onde sempre nos foi proibido, é poder falar quando sempre nos foi negado.

8 Comentários:

Blogger K1111 disse...

Está muito bem sim senhor...faz-me lembrar algumas coisa que acontecem de vez em quando...e o Vergilio Ferreira também... Lili

11:50 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

6:53 da tarde  
Blogger Celi M. disse...

Estou abismado kom os comentarios positivos principalmente de pessoas que não conheço, pensava que ng via isto até eu insistir até à exaustão. Obrigado.

5:37 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

sinto-me quase intrusa ao comentar num blog que, citando-te cruamente, dizes mais não ser do que um desabafo.
de tudo aquilo que sei de ti (e neste momento restrinjo-me ao que li), acho que a influência de vergílio é tão clara quanto saudável. tenho a sensação de que gostarias de herberto hélder, conheces? se tiveres algum interesse, procura a obra "photomaton & vox". não é muito comum, talvez um dia te possa emprestar a minha cópia.
tens muito mais razão do que calculas quando te referes à liberdade. porque todos os conceitos se tornam quase dogmas quando os olhamos distraidamente. liberdade é poderes sorrir a quem nunca viste sem que isso te pressione as têmporas de constrangimento. é poderes espremer um limão durante uma viagem de comboio sem temeres que alguém te encoste ao vidro porque espremer um limão não é exactamente acto que se reserve para uma viagem. às vezes acredito que a liberdade de cada um mexe sobretudo com os limites da (in)sanidade.

continua, gosto de te ler!

inês.

11:33 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

11:33 da tarde  
Blogger Celi M. disse...

Peço desculpa por esta confusão de comments mas eu apaquei alguns sem kerer mas nd se perdeu.

9:59 da tarde  
Blogger pekkala disse...

Depois de ler não podia deixar de fazer o meu comentario. Mesmo sendo uma pessoa que julga que te conhece razoavelmente bem, estes comentario não tem qualquer tipo de influência pessoal. o texto está realmente muito bom, talvez das melhores coisas que já li tuas, se fechar os olhos ainda sinto aquilo que querias transmitir...um texto denso, reflexivo e intereçante, que toca e prende qualquer pessoa que o leia...(estou realmente maravilhada)

3:06 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Pah é bonito, pena é nao perceber!!!
Mas caga nisso, se eu nao soubesse k eras tu k escrevias até pensaba k estava presente de algum intectual multifacetado k consegue ter muita piadinha e ao mesmo tempo ter um sentido literario muito vasto..
Pra proxima que fores a escrever um texto destes deixa-me fumar da tua cena... pelo que vejo a tua cena bate bastante...
Legalize...
WR2G WD2G

3:47 da tarde  

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