segunda-feira, setembro 26, 2005

(im)Perfeito

Estou sentado num cais sozinho à noite. O rio lentamente trás me a memória do mar enquanto se balança contra o meu chão. A lua fugiu para as minhas costas e não mais a vejo. As estrelam dançam pausadamente no negro da noite ao ritmo da água. Um momento perfeito, a condição única de um cenário singular numa noite excepcional com um som inédito. E a solidão tornando-me o único mortal que assiste a um espectáculo feito à minha medida. Perfeito.
Mas a vida contou-me tudo sobre a perfeição, como ela é horrivel e nojenta, como nos engana com um sentido de segurança que não teremos, como nos dá confiança de sorrisos amarelecidos por sentimentos ocos. Dizem-me que a perfeição nao existe, que nada é ou será perfeito. Mas enganam-se, nunca a vida lhes contou como me contou a mim. A perfeição existe para nos mostrar o quão imperfeita é. Não há vidas perfeitas, não há pessoas perfeitas nem amores. Dá-nos a segurança para que depois o tapete desapareça e nos caiamos desamparados, dá-nos a confiança para a poder queimar dentro de nós deixando cinzas negras e que nos impedem de respirar. Mas nem tudo é mau na perfeição, ela dá-nos a hipotese de olhar-mos para algo imperfeito e sentirmos que aquilo é belo, que podemos melhora-lo sempre tentando mas nunca atingindo a perfeição.

3 Comentários:

Blogger SA. disse...

Imperfeitamente sublime

10:21 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

É de noite que os sentidos nos arrasam. É naquelas noites em que passeias, vagabundo, de braço dado a alguem inesperado que sentes o vazio. Não o compreendes. Sentes simplesmente e é cruel.

2:12 da manhã  
Blogger styska disse...

este post faz-me lembrar um que escrevi há uns tempos... por isso sabes como o sinto cá dentro... concordo com cada uma das tuas palavras. :) gostei mto*
beijinho

2:38 da tarde  

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