segunda-feira, novembro 14, 2005

Segunda gaveta a contar de cima

Subi agora as escadas, a respiração ainda batalha para voltar ao normal. Sento-me na velha poltrona enquanto o meu coração se amrga. Apetece-me cuspir a vida para o soalho de madeira e espezinha-la até me sentir feliz. Solto uma gargalhada, felicidade! Como posso ser tão ingénuo, porque continuo a acreditar no Pai Natal se a minha chaminé continua vazia? Ainda quero. Ainda tento, ser feliz e não alegre, ter uma namorada como a das novelas, um carro como o dos filmes, uma vida que não é a minha. Eu não peço muito, nem sequer sou exigente. Uma frase ecoa sobre o meu pensamento "é um rapaz à moda antiga!" sorrio, o carinho com que ela me foi dita não pode ser ignorado e por isso sorrio. Queria-te responder gritando de um megafone para a multidão:
-O problema é que já nada é como antigamente, e choramos o passado com saudade mas deitamos fora tudo o que não é novo. Vivemos para o presente.
Levanto-me e vou em direcção à cómoda, escorro a mão pela sua frente e paro na segunda gaveta a contar de cima. Tiro uma foto atirada no meio de recordações. Arrasto-a de volta à poltrona. Sou eu, há pouco mais de um ano. Olho as gentes que me acompanham e já não as reconheço. Mudaram tanto a meus olhos que já não são as mesmas. No entanto eu continuo igual. O sorriso exterior, a boa disposição para o mundo, a dor para mim. Ultimamente a dor já me domina e tira-me o sorriso mas eu tenho que a afastar para que ninguem suspeite. Gostava tanto que a dor fugisse, ou que ela trouxesse alguma felicidade, mas a balança de deve e haveres há muito que está desequilibrada sem remédio, acho que já não sei ter felicidade sem ter o quadruplo de dor. Mas eu quero lutar quero sorrir, e ver ver alguma luz.

4 Comentários:

Blogger Liliana Bárcia disse...

a dor foge qdo queremos, nós por vezes é que corremos atrás dela. somos tolos."O problema é que já nada é como antigamente, e choramos o passado com saudade mas deitamos fora tudo o que não é novo. Vivemos para o presente". Isso eu vejo como uma espécie de renovação interior. Livramo-nos do passado sempre na esperança de que aquilo que estamos a viver não seja tudo aquilo que já vivemos. Eu não quero viver o que já vivi, tudo o que foi novo provocou dor, mas acho que serei capaz de aceitar tudo o que seja novo.

Não sei, logo verei.

Bjs.

2:54 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

O tempo prega algumas partidas.. Temos é de saber dar a volta! ;) mas so assim é k damos valor a vida ao superar os obstáculos que nos aparecem.. nunca deixes de sorrir!..
Bjinhus
Raquel

10:10 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Sabes que se precisares de ver a luz eu vou tar sempre aqui pa te arrancar os óculos escuros. Doru-te

5:50 da tarde  
Blogger Gui disse...

nunca é tarde demais para deixar aqui o que eu penso, e se na altura não o fiz, faço-o agora. "O sorriso exterior, a boa disposição para o mundo, a dor para mim."
Espero que não seja assim, já, espero que apesar de alturas parecidas muitas coisas já não sejam verdade, gostava tanto que tu não pensasses que vais sempre ter de pagar a tua felicidade com juros. Deixa-te ser feliz. Abre o teu coração. Tira a máscara quando dói. Pelo menos comigo não tens de a usar.
E quando daqui a um ano voltares à segunda gaveta a contar de cima e pegares numa fotografia podes ter a certeza que pelo menos eu vou estar igual. Ao teu lado. Como sempre.

8:36 da manhã  

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