sábado, dezembro 16, 2006

Canção em Sol Maior - Tema para voz

Há o aclarar da garganta. Um instante de silêncio e um instante da grossa respiração a raspar-se no nariz. Depois solta-se. Acompanhada de olhares fugazes mas que enchem o som de magia, vem do fundo do coração o ar que me atravessa. A cabeça vai anuindo em movimentos sincronizados com a música. Composta em segredo e de olhos fechados a sua beleza ultrapassa toda a perceptibilidade visual. O seu som, o seu tempo, a sua intensidade. Sempre assim intenso a cantar. Mas o compasso, o compasso que aumenta e diminui procurando a eterna agitação do metrónomo vermelho. E sai-me tudo assim num improviso sem medo nem certeza, sem dúvida nem confiança. Mas o timbre que me retorna aos ouvidos enche-me em alegro e a música atira-se cada vez mais força por entre os meus lábios. Torno-me dançarino da minha própria canção e as minhas mãos ondulam por entre as escalas que se escapam do meu peito. Na escuridão a que me remeti deixo que os cheiros me indiquem a partitura sem me perder. Até que com a repetição de um último tom o silêncio instala-se e o ar ganha um enorme peso. Abro os olhos, vejo a minha plateia e com um novo mas menos demorado cerrar de olhos guardo a sua beleza na minha cabeça e largo o suspiro final para que as mãos se possam unir num ruído sem fim.

1 Comentários:

Blogger Liliana Bárcia disse...

a úsica deixa em nos sensações q nos deixamsem palavras, invade-nos eobriga-nos a dançar, mesmo q estejamos bem quietinhos. eu tenho essas sensações às vezes, mexe cá dentro..

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12:03 da tarde  

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