O colarinho da minha camisa está frio.
O colarinho da minha camisa está frio. O meu pescoço retorcido aquece com o gelo da inquietação. Amanhá vão-me doer as costas, vão-me pesar os olhos, vai-me cansar o pescoço. Hoje não. Hoje não sou ninguém. Sou calado como um rio em dezembro. Negro como um céu de fogo. Hoje sou só. Sou só um a mais caminhando de pelo branco, branco como alguma coisa que não me lembro. Como nada. O colarinho da minha camisa está branco. Estou esquecido porque não me posso pensar. Deixo voar os dedos para que descanse a cabeça. Chega por hoje. O espectáculo continua a seguir. Não tem que continuar, eu não tenho que o continuar. É escuro e dormem os anjos. É fundo. Cru como a carne que me faz. Respira e caminha. Sorri e canta baixinho. Grita comigo um dia feliz, porque só no teu grito ele vive feliz.
2 Comentários:
Incrível.
é-me muito difícil comentar o que quer que seja, agora. tanto quanto me é difícil escrever. esses dias já passaram e não consigo desprender-me e ser objectiva. também não o quero ser. não com algo que é tão pessoal. sabes que gosto sempre de te ler. gosto de ver coisas novas neste lugar, gosto de saber que ainda tens vontade. talento nunca te há-de faltar, disso tenho a certeza!
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