sexta-feira, abril 22, 2005

Sonho Inocente

As vezes sonho. Penso como tudo poderia ser diferente. Não sou um sonhador, a minha dor ata-me ao chão e não mo permite. Mas às vezes, pela noite enquanto divago pelas ruas da velha cidade sonho. Sonho com a inocência, com a ingenuidade global. Aquele mundo desprovido de malicia sem segundos sentidos, sem terceiras intenções, sem nada disso que nos impede de fazer coisas tão belas. Vezes sem conta um olhar desconhecido me apanha de surpresa e vislumbro uma face perfeita, um rosto sem mácula. E sofro. Não por inveja não por não ser assim, mas porque me sinto frustrado, frustrado por não poder satistafazer o meu desejo. Queria chegar perto dos ouvidos da cara angelical e sussurrar "És muito bonita". Mas não posso. O mundo imediatamente correria a conspurcar as minhas palavras que se sujariam tornando-se um pedido obsceno de companhia. Nem um sorriso consigo consigo esboçar porque sei que se desfazia numa expressão de esfomeado. Toda a minha intenção inocente se desvaneceria e ainda ficaria mais frustrado. Como é que alguem pode não desejar a inocência? Na inocência das amizades tudo é belo, porque tudo é inocente. Rimo-nos sem pensar em parecer ridiculo, sem se sentir esmagado por olhares de desprezo. Na inocência dos lugares tudo nos é belo porque tudo é inocentemente novo. Os olhos cintilam perante coisas que o mundo tornará banais e até abjecto de ódio. O meu único consolo é que com a amizade profunda a inocência volta e sabemos que o mundo não a destruirá . É como conheço os meus verdadeiros amigos, posso ser inocente que eles me respondem com inocência. Só gostava de ser amigo do mundo. Só queria ser virgem em tudo, para que o meu actuar não fosse policiado pelo medo de ser imcompreendido. Por isso escrevo. Quandop escrevo nem o papel nem o ecrã me dizem que sou doido, que as coisas que sinto não podem ser sentidas, não me reviramos olhos fartos de tanto eu lhes escrever. E mesmo quem lê toma tudo como "literário". Rio-me.. "Literário" é o que chamamos a quem sente neste mundo desprovido de emoções. Só a quem escreve, a quem canta, a quem pinta lhes é permitido sentir. Os comuns mortais só podem desejar, não sentir. Porque sentir é demasiado inocente.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Tens mutio jeito....o texto está muito bom! Eu sou uma sonhadora e, é em sonhos, que vivo os meus momentos mais felizes!

3:49 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Volta...*

Amélia

8:06 da tarde  

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