domingo, março 12, 2006

Transfigurações: Frio

Tudo muito branco. Um branco azul, do gelo. As partes que ainda sentem do meu corpo abanam-se como sacudindo o branco. Não as sinto as tremer, vejo-as só a agitarem-se.O frio, o frio que parece entrar-me nos ossos e gelar-me todo. Apetecia-me correr para o afugentar, mas estou gelado. Paralisado e branco. Estou encostado contra algo que já não me lembro o que é, só me lembra o frio. E depois o vento vem e varre a poeira branca de encontro a mim, de encontro à minha face . Eu gelo. Apetecia-me chorar, chorar que alguém me viesse socorrer, mas as lágrimas iam gelar-me a cara então já nem poderia sorrir a quem me salvasse. E o branco a doer-me nas mão roxas e o nariz que se cansou de não ter direito ao frio do corpo, e eu que não me mexo. Pensa em calor, pensa em fogueiras, em chuveiros de torneira vermelha, e frigorificos. Por isso são brancos afinal. O branco gela os olhos, e a minha alma acaba por gelar também farta de tremer de frio.

2 Comentários:

Blogger renato disse...

o frio é tramado...
gostei...
abraço quente...
[[[]]]

9:52 da tarde  
Blogger styska disse...

ao ler isto descobri que tb tenho frio...

10:13 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial