domingo, abril 13, 2008

Transfigurações: Sono

Do chão floresce um algodão redondo e fofinho. No céu voam pardais branquinhos em bandos triangulares. Há uma montanha de almofadas do tamanho de uma casa. A brisa sopra docemente fazendo zumbir os ouvidos ao de leve. Deitado em cima das almofadas os meus olhos são puxados violentamente para a terra. O corpo todo mole em dormencia, os olhos parecem até trocar-se com a vontade de sonhar. O rosa e o azul bebé parecem beijar-se num são tão calmo que nem alberga o sol. Parecem cair do tecto flocos de neve quente que vão afagando a pele acalmando-a. Umas bailarinas silenciosas vão rodando sobre as pontas das sabrinas cor-de-rosa que combinam com a saia em tule da mesma cor. Há um som leve de xilofone que amacia o tempo. Os olhos a quererem fechar. Embriagado parece. Os olhos a ficarem escuros. Toda a cor branda a abrandar. Já nem ouço o xilofone. Já não vejo nada. Só o calor quentinho. Já não peso nada. Um calor quentinho. Não ouço nada. Calor Quentinho. Já não... quentinho.

1 Comentários:

Blogger styska disse...

adoro estas transfigurações :) ainda me lembro da primeira q escreveste! algo muda cá dentro cada vez que leio um.

8:56 da tarde  

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