quinta-feira, dezembro 06, 2007

Quarto Crescente

O mundo cinzento plana. Sorrisos, conversas, copos que chocam, garrafas em bandejas. Música, música sem dono que se deixa cantar sob a noite. Risos, conversas, discussões. O rectangulo enorme espreme-se contra a parede e vai atirando cores e imagens para a sala apinhada. A sala apinhada tem já mil cores espalhadas nas paredes, assim como mil sons a abafar o ar. Fumo, fumo. Fumo que lhe permite esconder aquela dor que ainda não conseguiu pintar no seu peito. Ainda ou já. Empedrenida e perene. Não sai nem quer. E ela sorri fingindo a sua alegria, farta de ouvir a pergunta em que o bem há muito perdeu o significado. «Está tudo bem!», grita, chora soluça,e as lágrimas. Tudo lá dentro a esncher para despejar em casa. Na varanda com um cigarro ou uma outra personagem. Com o negro do céu ou o esbracejar das plantas. Tudo para casa. Aqui sorriso, riso, conversas. Copos que afogam, lágrimas em garrafas . Sem Música. Sem nada. Um silêncio digno de uma banda sonora. Um silencio que pede acção. Uma acção que pede para ser tomada. Uma felicidade cinzenta que plana mas teima em pousar.


"Se tens medo da dor
vem ver o que é o amor
Se não sabes curar
vem ser o que é amar

Para ver-te amanhecer,
Para ver-te amanhecer,
Quero ver-te amanhecer"
Tiago Bettencourt, O Campo

1 Comentários:

Blogger SA. disse...

que o silêncio também é música
(pausa)

até amanhã!

10:49 da tarde  

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