domingo, junho 19, 2005

Escuridão

O meu corpo contorce-se com dores. Sinto o mundo à minha volta apagar-se e eu abandono-o. Um quadrado negro surge à minha volta limitando-me o espaço. Quero gritar mas ao primeiro sopro a garganta rasga-se com mais dor e o pequeno som que sai da minha boca fica eterno no pequeno cubículo preto. Dispo-me de mim, abandono-me de tudo que é meu para me entregar à dor. Em pequenos momentos de lucidez pergunto-me o que se passa, porque sou infeliz, mas a dor não me permite a resposta, e a ataca-me nos olhos. Já nem o que me rodeia vejo, apenas um negro pontilhado de branco, meus olhos cegos para o mundo fechados nas suas representações mentais. Tudo é negro, e procuro ver através dos dedos mas tudo é frio ao toque. Não é só frio, uma pasta negra, um petróleo viscoso e nojento que me prende os dedos e me sobe pelos braços envolvendo-me no abraço da morte. Entra-me pelos ouvidos impedindo-me de ouvir.
É agora, já estou privado de todos os sentidos, fechado do mundo em que vivia. Só há uma maneira de me libertar, pode não ser a melhor mas é a única que tenho. Sair, sair deste mundo

1 Comentários:

Blogger Liliana Bárcia disse...

epa... se te tirarem os sentidos, como poderei eu ler os teus fantásticos textos? Mas toda aquela sequencia de perda de sentidos está bastante eficaz, fez-me imaginar o que seria perder todos aqueles sentidos e ficar apenas à merce de "representações mentais".. e como até que gosto dos teus textos... epa olha, sai deste mundo, mas não deixes de dar noticias da tua "viagem" ;)

Muito bom, muito bom...

11:34 da tarde  

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