segunda-feira, abril 24, 2006

Variações em Sol Menor - Tema para guitarra e interlúdio de silêncio

O acorde grave, as cordas grossas que fazem tremer o coração. O dedilhar ora lento ora rápido que me vai agitando.Já não sei o que ouço, já não sei fazer música. Não sei tocar guitarra, nem nunca o soube. Tocava sim com as palavras e as músicas que fazia tocavam nas pessoas. Agora só me parece que tudo o que sei compor são canções do bandido. E irrito-me comigo, vejo-me ridículo, empobrecido de ideias por causa de uma ideia fixa. Já não me lembro se te devo falar na terceira pessoa. Já não sei essa distância mas em breve ma vais relembrar.Ouviamos guitarras sim, eléctricas davam movimento aos nossos corpos. E mexiamo-nos, sorriamos e cantavamos.
Faziamos tudo com a música mas era no silêncio que eu mais existia. Perdido na noite alhei-me da música que ouviamos e fiquei no silêncio perturbador. E no silêncio senti o que não queria. Sem um som via as tuas mãos voarem á minha frente como borboletas irrequietas e agitadiças. E senti, senti-me um caçadr a querer apanhar as tuas mãos, segura-las nas minhas e assim segurar-te a ti também. E no silêncio vi os teus olhos a pousarem nos meus e quis fazer daquele instante único. No silêncio olhei o céu estilhaçado de estrelas fazendo-me acreditar que nem um tolo que era um momento solene. Até que tentei quebrar o silêncio, mas as palavras sairam mudas e sem sentido. Com medo do silêncio tive de me aproximar de ti e segredei-te por entre os cabelos. E o silencio trouxe-me o teu perfume e quis abraçar-te como se fosses já minha.
Até que o medo me encontrou e os graves da guitarra voltaram solenes e compassados fazendo lembrar um filme de terror, ou o drama de um romântico solitário. E continua até agora a tocar essa guitarra trazendo a imagem do créditos finais de um western. Eu vou no cavalo enquanto o sol se põe no horizonte, quando a noite vier talvez tenha que parar para voltar a arrancar as balas que me vão habitar o peito.

5 Comentários:

Blogger SA. disse...

"Que o medo te fuja"
Que nunca nos prives das tuas palavras.
Que nunca nos prives de ti*


LINDO!
LINDO!
WOW

8:05 da tarde  
Blogger Gui disse...

Oh Celi, cada vez me espantas mais, cada vez fico mais bokiaberta com akilo k escreves, com a maneira como me transportas ao teu texto em segundos, e pela maneira como me fazs suster a respiração nos momnetos mais altos do texto. Bom? Muito Bom? Excelente? axo k nenhuma palavra descreve! À Celi, é o k te digo, o novo adjectivo k deveria ser inventado!
PARABÉNS! Tu merece-los mesmo!

8:32 da tarde  
Blogger styska disse...

lindo*

10:54 da tarde  
Blogger W disse...

Interpretei isto de uma forma, mas cm n te conheço o suficiente pode nao ser a verdadeira. Mas, de qq maneira, percebe-se perfeitamente o todo (eu já estava a partir para o particular real), o conteúdo, a ideia. Adorei como puseste as palavras :)
estou a tornar-me uma leitora assídua :p mi aguáardji

6:30 da tarde  
Blogger Zana disse...

Se te contar q leio repetidas vezes e que de cada vez gosto um nico mais não estaria a mentir.
Associas a imaginação, os sentidos e a escrita, e fica muito pouco por dizer...
Simplesmente se reconhece a diferença de linhas de pensamento porque sempre segues um fio...não há paragens nos sentimentos que se seguem,e assim o representas:o).

9:22 da tarde  

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