segunda-feira, junho 19, 2006

Voar I

A lua já se deixava cair sonolenta nos prédios do horizonte. Ele limpava o cabelo acabado de sair do banho enquanto o leitor de cd's o acompanhava nos seus gritos. Vestiu-se então todo de preto, nem um único vestigio de outra cor. A única coisa que contrastava com a cor do seu cabelo que cobria o corpo era o branco do sorriso de anticipação. Abriu a janela com o rodar da maçaneta enquanto deixou que o voo do vento lhe afagasse a cara. Era a vez dele. Apagou a luz esticando o pé, chegou-se à janela subiu e atirou-se. O ar passava a grande velocidade à medida que o chão se aproximava. O sorriso lentamente se transformou com o esforço e com o cerrar de olhos finalmente começou a voar paralelamente ao chão. Abriu os olhos enquanto estendia os braços. Não os abria para ver os prédios que pudessem interferir no seu percurso porque já os sabia de cor, abria os olhos para sentir aquela cidade deslizar as suas luzes debaixo dele. Hoje seguiu para a beira-mar enquanto passava por gaivotas que sentindo-o gritavam. As vezes apetecia-lhe tirar as luvas negras e afagar aquelas lindas aves no seu voo. Elas não eram muito dadas a isso e ele também não lhes queria causar confusão. Foi voando então em direcção a sul até que encontrou por fim o que procurava. Lentamente e à beira da areia deixou-se descer lentamente até que sentindo a capacidade se deixou cair rebolando na areia. Subiu então o areal até chegar aquele paredão. Ajudado pela luz do telemóvel procurou no muro o coração que continha dois nomes e sentou-se em cima do muro ao seu lado. Olhou os ponteiros fluorescentes que formavam um ângulo recto com o ponteiro mais pequeno apontando para as 12. Ela já devia cá estar, mas vendo as coisas assim ele também devia ter chegado 15 minutos antes. Olhou para o breu tentando distinguir um movimento. Mas antes disso alguém lhe puxou o pé assustando-o. Ele deixou-se cair na areia enquanto um beijo surgido do escuro lhe tirou o medo do coração.
-Isso não se faz.- reclamou ele fingindo estar xateado. Mas o sorriso anunciava a sua representação. Ela subiu para o muro e ele subiu com ela. Sentaram-se em cima do coração enquanto davam as mãos e sentiam o cheiro um do outro.
-Olá-sorriu-se ela dando inicio à conversa que duraria até à manhã seguinte

4 Comentários:

Blogger *Sphynx* disse...

Se a nossa vida s parecesse um bocadinho, só um bocadinho c a nossa imaginação.. então iamos longe!!!
nestes momentos esquisitos e indefinidos k formam a nossa existência k mais nos resta senão a nossa imaginação para voarmos para longe sempre k o coração precisa de paz...
Beijos ***

9:03 da manhã  
Blogger Gui disse...

ainda gostva de saber um dia onde vais buscar essa tua maravilhosa imaginação. Tá bonito demais!

bejinho;)

4:21 da tarde  
Blogger SA. disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

1:26 da tarde  
Blogger SA. disse...

Quando for grande quero ser assim, grande como tu.

São exemplos de textos como este que me fazem pequena

"Para ser-se verdadeiramente grande, é preciso não vibrar sem grandes razões; mas é preciso também saber lutar por uma palha, quando a honra está em causa."
W. Shakespeare

Está lindo, lindo
(e já se nota ser teu)

1:35 da tarde  

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