domingo, setembro 17, 2006

A Dama

Por aí te encontrei perdida na minha visão. Olhei-te e e o olhar nos tornou cúmplices num mundo estranho onde nos agitávamos. Vi-te nos olhos o calor do riso, no traço o cheiro da minha nação. Peguei-te na mão e dançamos, dançamos em silêncio, ouvindo o som dos nossos corpos ondulando pelo ar. Depois a tua presença ausentou-se da minha mão, afastou-se do meu corpo mas não da minha lembrança. Dancei ainda com outro som colado ao tímpano vermelho. Ainda que sozinho era o teu vestido que ondulava à minha volta. E voltaste, e com os olhos jogamos de novo o velho jogo da sedução, largando sorrisos e provocações, puxando à distância um qualquer sentimento. Lembro o teu calor, o teu passo inquieto, o teu sorriso estridente. Sem compromissos, sem medo de existir, porque não existia nada além desta dança que ainda me percorre o corpo. Os teus olhos marcaram-me na escuridão como se tivesse passado horas olhando a chama de uma vela. A arderes-me nos olhos, a arderes-me no sorriso. Uma pressa, daquelas pressas de agir, de ir até ti, de te falar. Mas não podiamos falar, não podiamos quebrar o silêncio que nos habitava e que aumentava o som dos nossos próprios corações marcando o tempo da dança dos olhares. Mas já não sei esse tempo, sei que foram crescendo com a lua durante esses dia. Do olhar fugidio e casual passamos ao longo e paciente. Até estarmos tanto tempo a olhar um para o outro que que o sorriso explodia-nos nas caras ofuscando tudo à volta. E depois olhávamos à volta e riamos com qualquer situação como livrando a culpa da explosão de alegria mas sempre jogando com o olhar. E o teu nome, o teu nome perdido no mar de gente. Eu perdido nos teus olhos. Claros, como uma manhã de Agosto sobre os campos dourados. E nos teus olhos guardo ainda uma dança mais, em que a tua mão se aperte como uma àrvore na minha, em que a tua cabeça descance no meu ombro, em que o teu expirar me acalente o coração.

4 Comentários:

Blogger SA. disse...

"Mas não podiamos falar, não podiamos quebrar o silêncio que nos habitava e que aumentava o som dos nossos próprios corações marcando o tempo da dança dos olhares."

Gostei muito desta frase, linda linda.
Soube bem este texto, como uma chuva miudinha numa tarde de verão...

5:27 da tarde  
Blogger *Sphynx* disse...

Inda bem k tas de volta... :)

kiss ***

11:56 da tarde  
Blogger Gui disse...

Eu vou deixar de comentar os teus posts...pareço uma parvinha k dix sp a mm coisa...

"Até estarmos tanto tempo a olhar um para o outro que que o sorriso explodia-nos nas caras ofuscando tudo à volta. E depois olhávamos à volta e riamos com qualquer situação como livrando a culpa da explosão de alegria mas sempre jogando com o olhar."

Adorei esta parte...adorei tudo...para variar...

Um beijo**

2:45 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

É assim, devagar e de mansinho, que as palavras se colam a nós e se vão gravando. Como as tuas.

Não q seja novidade, mas mais uma vez, simplesmente ... sem palavras.

*

8:19 da tarde  

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