o medo vencer

Olha. Foge. Tenho medo, tenho medo de ter medo. Não te agarres a esta mão que ela não te toca. Tenho medo de te tocar, toco só uma guitarra solitária que fechei no tempo. Queres que ela chore para ti? Sou assim eu. Choro e toco uma guitarra com o teu medo.
Teu que é meu. Tu que és minha. Mas que tenho medo de te ter. Não digo nada. Que digo afinal? Que é que espalho neste chão desconjurado pintado de branco. Quem sou eu?? Medo, medo. Deixa que te diga que é medo que sou. Não Semedo, não medonho. Sou medo. Aquele preto, aquele luto que encobre e discorre o coração. Para quê? Para quê o músculo vermelho que se agita? Antes o naco de carne que esguicha sangue. Medo é o que sou. Mas sou gente e sofro com o medo. Não sou transfigurado nem personificado. Toco guitarra lembras-te? Mas sou medo.
Se bem te lembras, já te cantei e toquei. Lágrimas é certo. Embaraço teu, que as lágrimas são minhas! Para quê? Para me deitar sobre a cama de dor. Mas uma cama real, eu sou real! E na almofada asfixiar todo este medo. Se ao menos te falasse. Se
nada nada! Se nada! O medo é maior. O medo é mais forte. O medo sou eu.