quarta-feira, junho 29, 2005

Diálogo Apaixonado nº1

Olho os teus olhos. Perco-me no mar dos teus olhos. Fixo nos teus os meus olhos e procuro ser o reflexo do teu sorriso. Tudo à tua volta desapareceu. Nem me lembro já onde estamos . Vejo somente branco, um branco inocente e intransponível, sem fim, sem ínicio. O meu estômago ainda revolve de paixão, e tremo, não! estremeço arrepio-me por me encontrar em frente de tamanha beleza. Imito o teu sorriso impedindo o teu de desaparecer., e ele permanece impenetrável na tua face. Amedrontado mas impulsionado pela paixão beijo-te a face. Todo eu tremo com o choque.
Acabo de tocar algo divino. E a sua essência pura abala-me por completo. Cansado pelo extâse deito-me no teu ombro tentando recuperar a consciência. Tu ainda me sorris, sorris-me sempre, nunca deixas de me sorrir.
Como para me contrariar o teu sorriso fecha-se e o vento frio da noite invade-nos. Tomo-o como tristeza, amaldiçoo-me por tê-lo feito desaparecer. Mas quando reparo de novo os teus lábios estão já mais perto e sem parar para pensar beijo-os
tudo se emudece, tudo desaparece, nada ouço, apenas o teu toque, sinto só os teus lábios.
De repente mundos passam à nossa volta, no quietos sentimo-los passar como carros a alta velocidade, correm para me atravessar. Até que com uma inércia brutal tudo pára e estamos de novo em frente ao mar. O sol já vai raso. Tenho ainda tempo de ver a tua boca a afastar-se e a partir desse exacto momento sinto os sinos da felicidade a tocarem a repique. Sorrio, imito o teu sorriso e não mais o tiro, faço com que me acompanhe e não mais o largo.

é teu, foste tu que o fizest eu só o pus em linguagem humana

domingo, junho 26, 2005

Estória

Ele conhece-a, assim do nada sem rosas ou música clássica. Ela não se apercebe mas ele fica sem fala perante tanta beleza. Como uma libelinha ela passa num ápice deixando na água o rasto da sua beleza. Ele não mais a vê. Mas fala-lhe, às vezes horas seguidas esperando voltar a vê-la. Um dia ela vem de novo, a grandiosidade da sua beleza enche o espaço. Mas agora era diferente. De tanto lhe falar a beleza passou a ser um factor, algo cheio de beleza mas que ornamentava a sua essência mais bela que qualquer coisa física. Ele não se mexe., fica quieto esmagado pela sua presença, esmagado não, petrificado, imobilizado por a ver de novo. E como era bom. As imagens que tinha guardado da primeira vez k a vira estavam jah amarelecidas de tanto uso. E agora já à sua frente ela era de novo. Ele tenta mexer-se, procura chegar a ela, falar-lhe de novo, falar-lhe olhando o negro dos seus olhos de novo, falar-lhe e ver aquele sorriso
o sorriso
O sorriso que o faria correr, enfrentar exércitos erguer mundos, o calor, a luz a vida emana dele incitando a acção. Ele parado olha-o perplexo. O medo consome-o, medo de perder o sorriso, medo de fazer algo que o faça afastar. Depois ela vai. Sem que ele perceba como. Ele então morfina-se convencendo-se que a desiludiu. A um canto fecha-se e a tristeza de novo volta. A imagem dela ainda paira na sua cabeça. Mas nunca deixa de lhe falar. Continua , sempre sentido o sorriso dela à distância, sempre fingindo ouvir a sua melodiosa voz respondendo-lhe. Mas não a pode ver sorrir, não a ouve. Até um dia.
A ínfima chance de a ver atiça-o, e não se poupa a esforços para fazer com que ela o veja bem. Ela foge, ele corre, corre atrás dela, deixando pra trás amigos e inimigos, nada importa, só ela
só ela.
Corre, passam-lhe multidões tentando derrubá-lo mas ele já só a vê. A sua imagem vem acompanhada de estrelas e tudo se enche dela. Senta-se a seu lado e ele é feliz. Ela vai, ele morre. Morre não, vive sem ela, ainda assim fala-lhe e assim é feliz. Mas falta-lhe, falta-lhe ela. Um dia ela virá, e nesse dia ele será mesmo feliz. Feliz com ela, sem nuvens sem nevoiros sem fumo só
ela.

*tu

sexta-feira, junho 24, 2005

emoção não é literária

A metros de distância o teu perfume sente-se. Não aquele que se compra nas lojas em embalagens bonitas mas futeis. O teu perfume, a tua essência. Irradia-la por onde passas. A boa disposição que se espalha e entra em cada coração, a so called simpatia, que para ti ultrapassa a noção tão comum. Isto é o que toda a gente vê. Depois há eu. Eu vejo tudo em ti, tudo o que me diz bem, tudo o que me é agradavél. A amizade que nunca me larga, nem por um segundo. O carinho, o carinho natural que nada tem de estranho. É tão teu, tão teu e tão meu. Confortas-me animas-me ajudas-me motivas-me. Sei que sempre k preciso, quando estou mesmo triste tu trazes-me de volta à luz, quando voo demasiado puxas-me de volta à terra, quando não estou pa ninguém tu estás para mim. Demasiado frequentemente eu castigo-te irritando-te e por isso te peço desculpa. Mas já te provei que sempre que precisares eu estou lá para ti, nem que o lá seja muito lá.
Contra tudo és das pessoas mais importantes para mim espero que sempre te lembres.
tu sabes...

domingo, junho 19, 2005

Luz

Primeiro cega-me, num choque para me trazer de volta. Abro os olhos e só vejo branco. Uma leveza sobrevoa-me o corpo e deixa-me num estado de graça. Sorrio instintivamente e sinto o calor do meu proprio sorriso abrasar-me a cara. Ainda não vejo, distingo apenas formas mas os meus ouvidos ouvem já. Ao longe pássaros incitam-me a correr e ouço àgua a cantar. Desenho um circulo com as mão ao dar meia volta para sentir o ar, mas acabo por sentir as flores nas mãos . Afagam-me como se eu fosse bem-vindo e eu sinto-me. A felicidade inexplicavel começa a correr-me nas veias e por momento parece-me que voo. Deito-me numa clareira de flores e olho o céu azul deixo que ele me entre nos pulmões. Fico assim, deixando a felicidade em mim, voar

Escuridão

O meu corpo contorce-se com dores. Sinto o mundo à minha volta apagar-se e eu abandono-o. Um quadrado negro surge à minha volta limitando-me o espaço. Quero gritar mas ao primeiro sopro a garganta rasga-se com mais dor e o pequeno som que sai da minha boca fica eterno no pequeno cubículo preto. Dispo-me de mim, abandono-me de tudo que é meu para me entregar à dor. Em pequenos momentos de lucidez pergunto-me o que se passa, porque sou infeliz, mas a dor não me permite a resposta, e a ataca-me nos olhos. Já nem o que me rodeia vejo, apenas um negro pontilhado de branco, meus olhos cegos para o mundo fechados nas suas representações mentais. Tudo é negro, e procuro ver através dos dedos mas tudo é frio ao toque. Não é só frio, uma pasta negra, um petróleo viscoso e nojento que me prende os dedos e me sobe pelos braços envolvendo-me no abraço da morte. Entra-me pelos ouvidos impedindo-me de ouvir.
É agora, já estou privado de todos os sentidos, fechado do mundo em que vivia. Só há uma maneira de me libertar, pode não ser a melhor mas é a única que tenho. Sair, sair deste mundo

Smog

Rodeado de fumo. Ele puxando o ar através das brasas e cria um ambiente étereo. Até a sua sombra faz notar a sua diminuta idade adulta. Por momentos julga-se nas nuvens, o fumo e o conforto do sofá tornam uma banal situação numa viagem ao paraíso. Olha fixamente o fumo como se nele visse realmente algo. E vê um sorriso que ofusca mesmo com a alva face que o circunda. Ele sorri também iluminado por aquela luz macia.
A sua espressão muda drásticamente com o que o sorriso trouxe. As expectativas colocadas num castelo de areia, que acabara de ser destruido. Mas ele sabia sua a culpa. Mais ninguém havia a apontar o dedo, só a ele mesmo. Ele é que deixou que a sua impetuosa vergonha levasse a melhor, impedindo-o de fazer o que desejava. Mal falou, mal olhou, mal ouviu, uma bolha fria de uma coisa que poderia ser tomada como indiferença, mas que não o era. Evitara o toque, coisa que raramente prescindia.O toque é a fala do corpo, e o corpo não mente. Mas não havia deixado o seu toque falar hoje e a culpa roía-lhe a alma. Sentia-se enojado com ele mesmo por ter deixado que se apoderassem da sua consciência. Por lhes ter permitido sobreporem-se à vontade que tinha de demonstrar seus sentimentos. Tão poucas vezes via o sorriso, e deixara-o escapar por entre seus dedos como areia. O fumo fá-lo agora tossir, levanta-se e sai para a fria madrugada procurando vida nao imersa cidade. O nevoeiro vai povoando as ruas e cega-o com os reflexos dos anjos que o atravessam. Lentamente caminha para o carro tentando absorver a humidade flutuante, perdido na neblina. Olha para trás uma última vez mas já nada vê, só o branco eterno, sem brilhos, sem sorrisos

*pa ti

domingo, junho 12, 2005

Carne

A respiração ouve-se por toda a sala. Eu a um canto fumo um longo silêncio. Sobre o sofá como morta ela dorme. A sua respiração ecoa por toda a sala. Na janela gotas de suor ainda deslizam pelo vidro, atravessadas pela luz da lua que entra pela escuridão da sala estragando-a. Eu a um canto olho-a deitada sobre o sofá. Toda ela carne, vai dormindo saciada. Agora já livre dops desejos carnais admiro-lhe as faces, olho cada pormenor tentando dividir-lhe a beleza em partes. Ela sorri, um sorriso inocente perdido no sono. Desejo-lho, como o queria na minha face . Um sorriso terno e doce todo ele beleza. Não importa que face o transporte, o sorriso torna-la-ia bela e sem mácula. Ao longe beijo-o.
Estou sentado no chão, o frio começa a invadir-me o corpo mas sou-lhe indiferente. O rubor ainda me cobre as faces pleno de vida.Olho-lhe os ombros, e neles me vejo deitado. Mas o desejo não é carnal, é um desejo de carinho, de um ombro que apoia, de uma mão que acarinha, de uns lábios que perdidos afagam os meus. Não são carnais os desejos que trago, não procuro aceder ao corpo mas sim ao que ele esconde, toda a sexalidade deles extraída pela pura e simples falta de carinho, o carinho do amor. Não, não o carinho da paixão, louco por ser saciado, mas um carinho lento, passivo, ausente da carne.
Saio de dentro do cobertor que habito e aproximo-me do sofá. Como uma criança que vê algo estranho aproximo o meu dedo do seu braço e sinto-lhe a textura doce. Ela mexe-se ainda presa ao mundo que não pode abandonar. Aninho-me junto ao seu ventre e com o ombro a aparar a queda da minha cabeça. Sinto a respiração dentro de mim e sincronizo a minha para que não a perturbe. O lento correr de ar enche a sala em uníssono e fecha-nos no nosso interior. Olho o sorriso e tento imitá-lo esperando que o sono caía sobre nós de novo.