És
Aconteceste-me. Assim, não sei se queria ou não. Não sei se queria viver aprisionado num sentimento, ou sentir alguma coisa, mas quis. Quis-te. Fiz mal dizes tu. Ou digo eu, já não sei bem. Mas o que é o bem afinal? Às vezes, és tu. És bem e eu sinto-me assim contigo, sinto-me assim por te sentir. Sento-me. Afinal o que digo? Acho que te vou dizer, aquilo que não sei se queres ouvir.
Aconteceste-me, e gostei-te. Gostei-te e gosto-te. És. Aquilo que eu preciso, aquilo que eu quero para mim, és.
Portanto, sei que te quero, sei que não te posso ter, ou sequer querer. Agora o que faço eu? Sento-me aqui e espero que passe. Passo! Já fiz isso e não foi bom. Então? Luto e perco-te na batalha? Que porra. E depois, não te quero magoar, não te quero sequer influenciar com este sentimento parvo que sou eu. Mas quero-te e ao querer magoo-te. O que faço eu? O que digo eu?
Deixar-te lentamente escapar das malhas do músculo vermelho, assim sem ninguem notar com um sussuro. A tua ausência até ajuda. Ajudará? Será que não ganhas na distância uma dimensão que ultrapassa o teu tamanho? Mas estava a dizer que te ia deixar escapar. Assim, sem guerras, sem choros, devagarinho sem ninguém notar. Queres assim? Não vais achar que eu te abandonei pois não? Quer dizer é um bocado desistir de ti, mas faço-o por ti. Quem sou eu para fazer alguma coisa por ti? Ninguém, ninguém, mas faço-o para te minimizar a dor, para... sei lá!
Eu só quero não estar assim atormentado, só quero não te atormentar.
Na verdade eu só queria a tua mão na minha, mas eu sei que não pode ser. Eu sei, e por isso vou ficar aqui quietinho esperando que tu saias, devagarinho, sem fazer barulho está bem?